Li certa vez em um livro de nome, A Liberdade de ser Você Mesmo, do Osho, sobre uma nova forma de revolução. Ao contrário de muitas outras, com seus mártires, lemas e bandeiras, falava ele da revolução silenciosa, aquela que acontece dentro de cada um e que apenas nós seríamos sabedores dela. Dizia ele que este poderia ser um exercício muito difícil e que somente através dela poderíamos alcançar a verdadeira liberdade.
É exatamente nesse ponto em que a capoeira exerce a sua maior força. Ela atua diretamente no íntimo mais íntimo de cada um inspirando mudanças; surpreendendo o corpo e libertando a mente para um novo momento, para um renascimento. E a medida em que o capoeirista penetra em seus fundamentos ele é convidado a olhar o mundo e as relações com outros olhos, de maneira bem mais reflexiva e a assumir o protagonismo da sua história.
Mas, diferentemente da revolução silenciosa do Osho, a revolução da capoeira é compartilhada, celebrada e ao seu tempo e aos poucos está atuando na criação de uma grande rede que está unindo cada vez mais pessoas, de diversas nacionalidades, credos, condições sociais, inspirando-os à consciência para uma nova sociedade. Certamente, temos um longo caminho para percorrer até lá. Ainda arrastamos alguns grilhões que nos impede de seguir adiante com maior agilidade; ainda nos permitimos tropeçar em depressões por quais já passamos. No entanto, as folhas velhas inevitavelmente hão de cair com o tempo dando lugar a novas. À geração que aí está, e principalmente às futuras não lhes basta apenas absorver o conhecimento produzido até aqui, elas chegam com outras necessidades. Neste sentido, modelos, normas e tudo quanto serviu de sustentação até aqui já não mais responde às suas expectativas e a mudança é inevitável.
Mas, qual é o papel de cada um de nós educadores?
Para esse momento, é imprescindível que cada um empenhe aquilo que faz de melhor para que possamos, realmente, adentrar uma nova era. É preciso que estejamos despertos e comprometidos pois a responsabilidade, tão importante quanto a própria liberdade, deve estar presente todo o tempo neste processo. E como educadores devemos ter a consciência de que cada um de nossos alunos têm um papel a realizar tão importante quanto o nosso, e que somos apenas mais uma parte, importante, mas uma parte, de um todo.